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quarta-feira, 2 de março de 2011

Materia no Jornal Nosso Bairro do mes 02

Um Fusca no Fim do Mundo


Por Darlan James Pergher

Dois aventureiros é como se definem Charles Silva Rodrigues e Robson Luis Campagnaro, ambos com 21 anos. No final de novembro de 2010 numa conversa de fim de tarde, onde vários assuntos foram comentados, aconteceu o que  os dois não imaginavam: Charles e Robson, em princípio falaram em fazer uma viagem de Curitiba até Buenos Aires, cidade que gostariam de conhecer. Acharam que era uma boa ideia, mas pensaram que, se você vai até Buenos Aires, pode ir até Bariloche e se pode ir até lá, também pode ir um pouco adiante. E nesse poder ir um pouco mais, decidiram ir até USHUAIA, na Argentina, conhecida como “A Cidade do Fim do Mundo”.
E foram. Detalhe: foram com um fusca 1974. Começaram os preparativos da rota, definiram qual o período de férias do trabalho e procuraram algum patrocínio,para bancar ao menos as ferramentas que poderiam utilizar e a alimentação. Mas infelizmente nada surgia. Restaram apenas juntar o 13º salário, mais dinheiro das férias e um pouco de comida e colocar o Fusca 1974 na estrada no dia 17 de dezembro às 7 horas. Destino: Uruguaiana

O Fusca
Com o motor retificado em 2009 e sempre rodando, o carro estava perfeito. Nem os pneus foram trocados.
A maior adaptação foi o bagageiro que era de um fusca ano 1961. Aperta daqui, dali e pronto. Tudo certo.
Quer dizer, quase tudo!
O primeiro imprevisto aconteceu na Lapa. O bagageiro caiu. Sem nenhum desânimo foram até Erechim no Rio Grande do Sul segurando o bagageiro, cada um de um lado com os braços para fora. Um pouco cansativo, mas chegaram. O primeiro gasto não previsto aconteceu: comprar um Rack Universal. Resolvido o problema seguiram viagem.
Bagageiro novo, tudo ajeitado bagagens colocadas, e Uruguaiana era o destino. Os aventureiros não contavam com uma surpreendente lombada que mais uma vez fez desprender o bagageiro e tudo foi parar no meio da estrada. A solução foi improvisar: Amarrar bem e o teimoso bagageiro não deu mais problemas.
Passaram bem pela fronteira Brasil com Argentina. Em Uruguaiana ninguém pediu nada, ninguém falou nada, tudo certo. Tocaram a viagem. Problema mesmo foi ter que pagar 100 pesos de multa na fronteira da Argentina com o Chile por não terem uma liberação e no Chile confiscaram, acreditem “salames”.
Como não tinham nem um documento de liberação a polícia achou até que poderiam ser fugitivos e o “portunhol” não estava ajudando muito. A polícia telefonou para Uruguaiana para saber detalhes sobre os dois aventureiros, se haviam realmente passado por lá e outras coisas mais. Uruguaiana dizia que desconhecia a entrada dos dois. Muita confusão mas conseguiram passar e fora isso os problemas acabaram. Um pneu estourado e nada mais.
Enfrentaram o deserto Argentino com muita disposição. Imagine 200 quilômetros de reta e deserto, muito deserto e quente. Calor de rachar. Preocupação com o combustível era constante, mesmo levando sempre 15 litros de reserva para um eventual problema. A Argentina passava na época, por dificuldades no fornecimento de gasolina e, portanto, nem todos os postos tinham combustível. Revezavam-se na pilotagem e assim conseguiam superar cada quilometro da rota traçada. Em cada parada davam uma geral no carro: suspensão, freios e óleo sempre em dia.
Durante toda viagem, Charles e Robson, tiraram mais de 1100 fotos, passaram por pontos turísticos, geleiras, cidades e vilarejos. Conheceram viajantes e aventureiros de boa parte do mundo. Sentiram a diferença da culinária, acampavam em lugares desertos e também em cidades. Economizaram o que podiam para poder chegar e também voltar, é claro. Total da viagem: 5 mil reais, com tudo incluído. Lembranças inclusive.
Elogiaram muito as estradas na Argentina com poucos pedágios e baratos. Bem diferente daqui. O povo hospitaleiro e com uma incrível receptividade foram marcantes para os dois.

USHUAIA
É a última cidade do continente e a mais próxima do Pólo Sul. Fica a 1000 km da Antártida. Quando chegaram ao objetivo, aproveitaram por quatro dias para conhecer a “Cidade do Fim do mundo”, como fizeram também em Bariloche que permaneceram por dois dias. Ficaram numa pousada que era barata para o orçamento previsto e encontraram pessoas de vários países. Pessoas que viajam com motos, carros, de idades variadas: jovens, casais e aventureiros também considerados malucos por muitos.
Se quisessem, os dois poderiam ter ficado e trabalhado num cruzeiro para a Antártida.  Tinham garantido emprego temporário como Garçons, recebendo 50 dólares diários. Mas decidiram voltar. A aventura tinha início e final.

Objetivo
Segundo os dois, a ideia principal de tudo isso foi mostrar e preservar o nome e a história do Fusca e poder dizer: “Fomos de Fusca até o fim do mundo”.
Nos 22 dias da viagem Charles e Robson viveram a aventura que desejaram, tiveram novos conhecimentos, aprendizados e uma certeza: vão explorar outros lugares. Têm como projeto principal uma viagem com o Fusca Para os Estados Unidos e pretendem fazê-la no final deste ano. Para isso o patrocínio, desta vez, é fundamental.
Eles acreditam que todos que desejam aproveitar a vida, devem fazê-la e provaram que só programar
não é suficiente e que às vezes, muita programação nunca se concretiza. O tempo passa muito rápido e, quase sempre, não aproveitamos o que podemos fazer.
Todo o diário de bordo da incrível aventura, com relatos e fotos, está no BLOG:
, recorreu da decisão e, acreditem, em liberdade. Tentou renovar o passaporte e aí a Polícia entendeu que ele poderia fugir do país. Vejam que dificuldade para entender isso. Só agora a Justiça decretou sua prisão “preventiva”. É, só para não ter o risco dele escapar.
Só tem um probleminha aí: não combinaram com ele. Então ele sumiu. Se alguém tiver conhecimento do paradeiro por favor  liguem para Polícia (190) e avisem que ele é perigoso, condenado e foragido.